O cemitério do Paquetá, em Santos, no litoral de São Paulo, é o mais antigo da cidade. No local estão enterradas personalidades como o ex-governador Mário Covas e o poeta Vicente de Carvalho, que dá nome a um distrito do município de Guarujá.
No início do século passado, um personagem curioso frequentou o cemitério e intrigou moradores: um fantasma de uma mulher. E apesar da descrença de alguns, muitos relatavam ter visto o ser de outro mundo caminhando pelo cemitério.
Naquela época, a iluminação pública era feita com lampiões. A distância entre eles era grande, as pessoas dormiam cedo e tudo isso ajudava nesse clima de mistério. A história que todos contam é a de que todas as noites o fantasma de uma mulher aparecia em frente ao cemitério e ficava acenando e chorando.
A história frequentou até páginas de vários jornais da época. Um exemplar de um jornal de 29 de julho de 1900 traz entrevistas com várias pessoas que dizem ter visto a alma penada. Um deles afirma que o fantasma passou por ele em um andar compassado, lento e deixou cair alguma coisa, desaparecendo logo depois. Outra afirmou que sentiu um tremor inexplicável pelo corpo.
A aparição foi se tornando frequente, e os moradores ficaram preocupados. A matéria do jornal conta também que a curiosidade levou muitos curiosos até os arredores do cemitério, ansiosos por ver o fantasma. Um grupo decidiu arrombar o portão e invadir o cemitério. A polícia precisou ser chamada para conter os ânimos da população que sonhava esclarecer a história que assustava muita gente.
O assunto virou até tema de um documentário produzido em 2010. E apesar da crença popular, o pesquisador Francisco Carballa explica que o fantasma nada mais era do que uma mulher de luto. "Ela teve um envolvimento com um padre, engravidou e teve um filho desse padre. Essa criança morreu de tétano, uma doença muito comum na época. O primo mais rico dela enterrou o bebê na ala infantil do Cemitério Paquetá, e a mulher passou a ir todos os dias na porta do cemitério para chorar pelo filho", afirma Carballa.
O pesquisador explica ainda que ela tinha sido expulsa de casa. "O envolvimento dela era ilícito para a sociedade daquela época e isso não era perdoado. As pessoas viriam a maltratá-la por causa da condição de mãe solteira. Só restava a possibilidade de vir até o cemitério nas altas horas da noite sem ser incomodada", diz.
Os pesquisadores afirmam que o nome dela era Maria e, apesar dos poucos registros, eles acreditam que ela tenha morrido em agosto de 1900. "Ela foi enterrada como indigente no cemitério do Saboó quando morreu. O primo dela deu um jeito de transladar os restos mortais pois ele queria que ela ficasse junto da família. Ele quis casar com Maria, mas ela se recusou por não querer mais ninguém", conta Carballa.
Os restos mortais de Maria estão hoje no Cemitério do Paquetá e é difícil afirmar se o fantasma era mesmo a tal mulher de luto. Entretanto, depois da morte dela, muitas pessoas continuaram afirmando ter visto uma mulher andando pelo cemitério.
Fonte: G1
Imagem: http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0014c.htm
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